Monday, July 03, 2006

Torcida do Brasil na copa

Eles não sabem torcer

FRANKFURT – Pela primeira vez com a maioria no estádio – salvo exceções presenciadas por este que escreve, alemão não torce para a França –, a torcida brasileira foi mais barulhenta que a francesa. Por outro lado, deu vexame ao vaiar a execução daMarselhesa e também ao ficar gritando nome de jogador e xingando o time. Tudo bem que a Seleção foi patética contra a França (só contra a França?),mas os brasileiros tinham de aprender com os adversários como apoiar uma seleção. Tomara que um dia isso mude.

Time? Torcida?

Não sei se era a torcida brasileira que tinha a cara do time do Parreira ou o time do Parreira que levou para campo o desânimo dos brasileiros em Frankfurt. Era uma daquelas combinações infelizes. Os franceses pulavam e estimulavam sua Seleção com o grito famoso “Allez les Bleus!”. Os brasileiros mais animados ensaiavam a provocação em francês, respondendo “Allez les Jaunes!”. Mas nada, nada ia bem. Enquanto os azuis cantavam, os amarelos xingavam. Parece ser essa a grande diferença das torcidas. Foi assim com a Croácia, foi assim com o Japão e foi assim, especialmente com a França. Nos lances mais difícies para Zizou e seu time, os azuis cantavam ainda mais alto. No segundo tempo, quando o fim parecia próximo para os brasileiros, o setor da arquibancada com o maior número de torcedores amarelos puxou os gritos de raiva contra o Parreira.

Vamos comprar uma torcida?

Até fiquei animado quando cheguei à Dortmund, na hora do almoço. Da estação de trem para o estádio, muitos brasileiros no caminho, animadíssimos. Finalmente veríamos nossa torcida desencantar, ajudar, de fato, o time. Nos três jogos

anteriores, pareciam suíços em recital de piano. Na hora do vamos ver, porém, fraquejaram de novo. Cantaram direitinho o hino nacional, comemoraram os três gols contra Gana e só. Nada mais. Os poucos ganeses contaminaram os torcedores alemães e equilibraram o jogo. Ou os brasileiros aprendem a torcer, ou o melhor é tentar fazer negócio. Que tal a CBF comprar uns croatas ou tchecos para colocar na arquibancada? Já que ingresso é o que não falta para a CBF, uns torcedores profissionais poderiam realmente ajudar o time. Porque a nossa turma não

é de nada mesmo.


Seremos esculachados

Dos jogos a que pude assistir até agora – nenhum da Alemanha -- a torcida da França foi a que mais me impressionou nos estádios

O Brasil não tem torcida na Copa, tem turista. A maioria nunca frequentou jogos de futebol (nem dá para culpá-los por isso, tamanho o ato de heroísmo que é visitar os nossos estádios...) e, como diz o chefe Sérgio Xavier, "não sabem torcer, caramba".

Como se não bastasse, por razões geográficas também há bem menos brasileiro na Copa do que inglês, português, holandês (estas já foram embora, mas fizeram uma bela festa) e, é claro, franceses!

Dos jogos a que pude assistir até agora – nenhum da Alemanha -- a torcida da França foi a que mais me impressionou nos estádios (a foto é do jogo contra Togo, na primeira fase, em Colônia), com seu incessante “Allez les Bleus”. Ouvi os franceses fazendo mais barulho no

estádio até mesmo do que os beberrões ingleses!

E, como é tradição com estes torcedores da geração Zidane, cantando o belíssimo hino do país sem parar. Aliás, podem reparar, na hora da os jogadores ficam abraçados – é o único time que faz isso –, costume bacana que vem de 1998.

A experiência da Copa de 1998, foi traumática depois daquela final. Onde viam um brasileiro, logo os franceses mandavam “um..., deux..., trois – zéro”. Não precisa de traidução, evidentemente. Era abrir a boca para eles perceberem que você era brasileiro e o corinho já começava.

Nesta terça, assim que acabou o jogo com a Espanha, ouvi isso de novo, no centro de imprensa, desta vez vindo dos poucos coleguinhas franceses que estavam em Dortmund, fazendo a cobertura o jogo do Brasil. Dá para imaginar o que fará a torcida...

O Brasil pode preparar os seus ouvidos. Seremos esculachados como nunca em Frankfurt, sábado.

O alemão da Fernandinha
Na estréia do Brasil, a Fernandinha Zaffari sentou-se ao lado de um alemão que virou-se para ela e perguntou:

- O brasileiro não torce?


De fato, os torcedores da Croácia, mesmo que vestidos com aquela camisa igualzinha à toalha do Copacabana, aplicavam uma goleada nas arquibancadas. Tudo bem, pensei, os croatas são como a maioria dos europeus, curtidos na tradição de guerras milenares, acostumados a cânticos de batalhas entoados em campos tornados rubros de sangue humano.

Depois, contra a Austrália, a mesma coisa: os australianos mais animados. Ah, calculei, os australianos, na verdade, são ingleses exilados, aquela ilha foi colonizada pelos criminosos da Velha Álbion.


Só que, em Dortmund, a torcida do Brasil perdeu para a do Japão. Os japoneses foram mais barulhentos e até mais alegres que os brasileiros. Mesmo quando perdiam de 4 a 1. Os japoneses!!! Acho que o alemão amigo da Fernandinha tem razão: o brasileiro não torce mesmo.




O que nos resta são "animadores" de torcida, como o bola oito (pele foto bola sete), com toda experiência que trás do Volei de Praia. Tudo a ver com futebol.

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